"Queres tanto fora de ti, porque lá no fundo não tens nada dentro de ti."
Um gajo que é confrontado com a sua futilidade. Que vive na espuma. Que não avançou. Que, ansioso, procura o conforto nos sítios errados. Que vive de lançar foguetes sem nunca se ter deitado na relva a vê-los rebentar lá em cima e sonhar.

"Pára! Sossega!"
E o cabrão insiste em correr. Em fugir dele próprio. Compra calma na loja da ansiedade e a poeira alimenta-lhe a soberba.
Vende uma imagem, porque a alma, essa, não sabe bem onde a deixou.

O Leandro pinta com a luz, o Fernando dirige, a Sara põe-me o corpo em chagas e lanço-me. A Kakau segura-me com uma entrega e profissionalismo raro e, juntos, mandamo-nos para fora de pé.

Afonso Pimentel